Ein Gedi é um local inesquecível. Além de palco de algumas histórias bíblicas como a dos reis Saul e Davi, sua natureza selvagem, rústica e de uma beleza, ao mesmo tempo, árdua e convidativa, oferece deleite aos olhos e alívio ao corpo.
"Ein Gedi é vida abundante em plena aspereza do Deserto da Judéia, um refrigério contrastante cravado na ressecada e estéril margem ocidental do Mar Morto."
Ein Gedi localiza-se vinte quilômetros ao norte de Massada e quarenta quilômetros ao sul de Qumran, dois famosos sítios arqueológicos da Terra Santa. Essa fenda viva nas montanhas da Judeia não se abate com o deserto nem com o desafio aflitivo do microclima do Mar Morto. Ein Gedi é testemunha do poder vital da água. Exuberante em cachoeiras e piscinas naturais, exibe orgulhosa parte da flora e da fauna do deserto israelense.
As palavras EIN GEDI vêem do hebraico e significam nascente do cabrito. A região abriga muitos Ibex, espécie também conhecida como cabra-nubiana.
O Parque Nacional de Ein Gedi abrange um território de 25km2, a maior reserva da Judeia. Com altitude que varia de 418m abaixo até 200m acima do nível do mar em apenas um quilômetro de extensão, guarda nascentes de água, piscinas naturais, cachoeiras, várias grutas, acácias, vegetação do deserto, aves, mamíferos e, claro, evidências arqueológicas, rastros da história humana.
Chove pouco, apenas 40mm por ano. Mas, ainda assim, as nascentes de Ein Gedi são perenes, vertendo mais de três milhões de metros cúbitos de água por ano. Há um total de quatro nascentes, Ein David, Ein Shulamit, Ein Gedi e Ein Arugot.
Toda essa água disponível na aridez da Judeia exerce uma atração magnética sobre os animais do deserto. Além dos pássaros, você encontra com facilidade muitos Ibex da Núbia e Hyrax das Rochas. Esses dois são mencionados no Salmo 104.18. As cabras monteses sobem as colinas; os texugos fazem tocas entre as rochas. Apesar da tradução para o português ser imprecisa, no texto original em hebraico fica claro serem o Ibex e o Hyrax.
E é claro que o fato da região ser um oásis real explica por que os seres humanos, assim como a fauna, também escolheram se estabelecer aqui ao longo das eras. O primeiro assentamento humano data de 5000 anos. E os judeus viveram e desenvolveram a agricultura na região entre os séculos VII a.C. e VI d.C., quando então um incêndio destruiu o assentamento. Durante mil anos, cultivou-se na região uma árvore chamada em hebraico de Apharsemon, uma espécie de caqui usado para fazer o famoso e caríssimo Bálsamo da Judeia, procurado por seu aroma refinado e propriedades medicinais. Nas ruínas de uma sinagoga do século III d.C. foi encontrada uma inscrição no mosaico amaldiçoando quem descobrisse o segredo da cidade. Estudiosos acreditam tratar-se da fórmula do bálsamo. Havia também vinhas e arvores de hena perfumada conforme descrito nos Cantares de Salomão 1:14: O meu amado é para mim um ramalhete de flores de hena das vinhas de Ein-Gedi.
Além desse texto de Cantares, Ein Gedi é mencionado algumas vezes na Bíblia. A primeira citação está em Josué 15:62 na descrição das cidades da tribo de Judá: Nibsã, Cidade do Sal e Ein-Gedi. Eram seis cidades com seus povoados. A região de Ein Gedi é citada em I Samuel 23:29, II Crônicas 20:1,2 e na profecia de Ezequiel 47:8-10.
Mas, acredito que o episódio bíblico mais famoso relacionado à Ein Gedi aconteceu por volta do ano 1000 a.C., envolvendo Davi e Saul. Depois da luta contra os filisteus, alguém informou a Saul: “Davi está agora no deserto de Ein-Gedi”. Saul convocou três mil dos melhores soldados de Israel e partiu no encalço de Davi e seus homens. Foram para a região dos rochedos dos Bodes Selvagens. Ele chegou até o local em que havia alguns currais de ovelhas, ao lado da estrada. Perto dali, havia uma gruta, e Saul entrou nela para fazer suas necessidades. Acontece que Davi e seus homens estavam amontoados no fundo da gruta. Os homens de Davi lhe disseram: “Você acredita nisto? O Eterno deve estar dizendo: ‘Entregarei o seu inimigo nas suas mãos. Faça com ele o que bem entender’”. Davi, sorrateiramente, cortou um pedaço da vestimenta real de Saul. Esse é um pequeno trecho da história, para saber se Davi matou ou não Saul, leia o capítulo 24 de I Samuel.
Em março de 1949, depois de longos 1.500 anos, colonos judeus começaram a retornar à Ein Gedi. E, em 1953, estabeleceram o Kibbutz Ein Gedi que desenvolve agricultura e o turismo na região. Sim, você pode se hospedar no Kibbutz Ein Gedi. Eles também comercializam água engarrafada da nascente de Ein Gedi. O Kibbutz Ein Gedi desenvolve um jardim botânico com cerca de 1000 espécies de todo o planeta. Aliás, esse é o único jardim botânico habitado do mundo, com cerca de 500 moradores.
De todas as opções do parque, o Nahal David é o tour mais realizado pelos peregrinos, e é sobre ele que vou escrever. Não demora muito para a diversão começar. A primeira queda d’água fica há poucos minutos de caminhada da entrada da Reserva Natural de Ein Gedi.
A trilha tem cerca de 1,5km, ladeando o riacho e revelando piscinas naturais refrescantes até chegar à Cachoeira de David, que faz jorrar suas águas da altura de 36 metros. Infelizmente, essa piscina não tem o acesso liberado devido ao risco de pedras caindo com a água.
O parque está muito bem preparado para o turismo, facilitando o hike com diversas escadas em pedra, pontes de madeira, corrimões e mirantes. É importante usar óculos e boné. Leve muita água para beber, pois a desidratação é rápida no deserto.
Para os aventureiros avançados e com mais tempo, o Parque Nacional de Ein Gedi oferece muitas outras combinações de trilhas altamente recomendadas, possibilidades mais desafiadoras com 4 e até mais de 10km de extensão e, algumas, com cerca de 550 metros de subida íngreme.
Por causa de sua localização, acredito ser uma boa opção visitar Massada ou Qumran pela manhã e deixar Ein Gedi para depois do almoço, como um SPA natural, uma recompensa refrescante depois de um dia no deserto da Judeia.
Vem com a Renova Turismo desfrutar das maravilhas naturais de Ein Gedi, Israel.
Dr. Felipe Silva
Tour Leader Renova Turismo.
Cirurgião-Dentista Artesania Studio Oral
"A longínqua e empoeirada Terra de Israel é o palco das histórias bíblicas. Sonho de milhares de pessoas, reserva emoções inesquecíveis a todos aqueles que aceitam com fé o seu chamado."
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