O Monte Sinai é um lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, pois foi ali, segundo uma antiga tradição, que Moisés recebeu do Eterno as tábuas contendo os 10 mandamentos. Segundo essa mesma tradição, esse também é o local onde Elias se escondeu de Jezabel.
O Monte Sinai tradicional fica no Egito. Localizado na Península do Sinai, essa montanha é visitada há mais de 1600 anos por fiéis de muitas nações. A Península do Sinai fica entre os golfos de Suez e de Áqaba. E o Monte Sinai é a maior das elevações de uma cordilheira de mesmo nome. A montanha composta de granito ostenta 2.285 metros de altitude e, mesmo assim, exerce atração sobre muitas pessoas.
Na maioria dos roteiros, a subida ao Monte Sinai é o marco entre o final da peregrinação pela Terra da Escravidão, o Egito, e o início das visitas na Terra Prometida, Israel. Alguns grupos voam do Cairo ou Luxor até Sharm El Sheik e, então, fazem o trajeto rodoviário até algum hotel no Sinai. Outros grupos percorrem um longo caminho pelos desertos do Saara e do Sinai até alguma cidade próxima ao monte Sinai. Um trajeto que leva cerca de doze horas.
Há um hotel há menos de dois quilômetros da entrada do Monte Sinai. Inclusive, é possível ver o monte ao fundo. Eu mesmo já me hospedei ali. Entretanto, é um hotel muito ruim, tanto nas acomodações, quanto no restaurante.
Os grupos da Renova Turismo ficam hospedados em maravilhosos resorts na orla do, também famoso, Mar Vermelho, em cidades como Sharm El Shweik, Dahab ou Taba.Entre um desses resorts e o Monte Sinai, o peregrino percorrerá de 2 a 3 horas de ônibus. Vale o alerta de que o trajeto é cheio de postos militares e frequentemente os ônibus e carros são parados para inspeção, por isso, tenha seu passaporte original à mão.
Um pouco antes de Santa Catarina
Pouco antes de chegar no mosteiro, existe um local onde, segunda uma tradição, ficam a casa e o poço de Jetro, sogro de Moisés, e o local onde ficava o bezerro de ouro, objeto de idolatria construído pelo hebreus por causa da demora de Moisés no Sinai.
Mosteiro Santa Catarina
Ao chegar no Sinai, você verá pequenas lojas, banheiros e um posto militar. Depois de passar pela segurança com verificação do passaporte, revista e detector de metais, caminha-se cerca de 850 metros até o Monastério Grego Ortodoxo de Santa Catarina. Durante o dia, há carros e vans que fazem esse trajeto pelo valor de um dólar.
É um lugar lindo e, por nunca ter sofrido destruição, parece ter saído de um filme de época. A primeira coisa que verá será uma fortificação construída pelo imperador bizantino Justiniano I, entre os anos 527 e 565 para proteger a Capela do Santo Arbusto, um pequeno templo erguido pela rainha Helena, mãe do imperador Constantino para abrigar a sarça onde Deus aparecera a Moisés. O peregrino que ali chega só pode entrar descalço, seguindo ainda o mesmo o comando que Deus deu a Moisés.
A fortaleza foi projetada pelo arquiteto Stephanus de Aila. Aila é um antigo nome da moderna Eilat, cidade que determina a fronteira mais ao sul de Israel. As muralhas são imponentes, possuindo entre entre dez e vinte metros de altura e entre dois e três metros de espessura.
A menção mais antiga que temos desse local vem do conhecido diário de viagem da peregrina Egéria, escrito entre 381 e 384 d.C., o que torna Santa Catarina o mosteiro cristão mais antigo do mundo ainda em uso. Ele abriga muitos antigos manuscritos em idiomas diversos e antigos, arte sacra valiosa e presentes de imperadores e czares.
Mas, seu tesouro mais importante não está mais lá, pelo menos em sua totalidade, o Codex Sinaiticus, uma das cópias manuscritas mais antigas da Bíblia em grego, datada do século IV e considerada um dos textos mais úteis para o estudo das Sagradas Escrituras.
Existe uma polêmica a respeito desse assunto. Alguns defendem que o documento foi apenas emprestado. Outros, que foi vendido. Outras ainda, que foi doado. Atualmente, o Codex Sinaiticus repousa em quatro lugares diferentes: 12 folhas e 14 fragmentos no Mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai, 347 folhas na Biblioteca Britânica, em Londres (199 do Antigo Testamento e 148 do Novo Testamento), 43 folhas na Biblioteca da Universidade de Leipzig e fragmentos de 3 folhas na Biblioteca Nacional Russa em São Petersburgo.
Alguns turistas compram o azeite produzido no Mosteiro de Santa Catarina.
Camelo, uma carona exótica
Mesmo quem vai subir o Monte Sinai no lombo de um camelo, vai precisar caminhar um pouco. Do posto militar até o local onde os camelos esperam os turistas, há um percurso a pé de cerca de dois quilômetros. Ao chegar nesse local, o Beduíno vai combinar o valor do traslado (falamos disso abaixo), escolher um camelo, preparar a cela e te ajudar a montar.
A TRILHA
Sonho de milhares de pessoas, a trilha do Sinai é cercada por cenários deslumbrantes de montanhas e deserto, além de estar cheia de plantas e animais exóticos. É realmente um lugar lindíssimo e inesquecível.
Se subir durante a noite, como é usual fazer, só perceberá essas maravilhas durante a descida, mas, ao final da subida, o Sinai te recompensará com a vista de um lindíssimo nascer do sol sobre suas cordilheiras. Além disso, o céu noturno do Sinai é deslumbrante, lotadíssimo de estrelas. É incrível como perdemos essa beleza nas cidades.
Entretanto, subir o Monte Sinai no Egito pode ser um desafio arriscado. A trilha é íngreme e desafiante, exige muito do corpo humano. Também revela barrancos altíssimos, alguns sem qualquer proteção, nos quais você pode facilmente ser empurrado por um camelo. É preciso preparação, equipamento, atenção, concentração e foco na caminhada.
OS BEDUÍNOS
Quando Justiniano I construiu a fortaleza de Santa Catarina, enviou cerca de 200 famílias romanas e gregas, vindas da Anatólia e de Alexandria para se estabelecerem na região, ajudando os monges e fazendo a guarda do local. As seis tribos beduínas que moram na parte sul do Sinai são descendentes dessas famílias. A tribo mais ligada ao monastério e ao monte chama-se Jebeliya. Seus antepassados se converteram ao Islã no século VII.
Hoje, eles vendem refrigerantes, água e snacks para peregrinos. também vendem artesanato e uma pedra do Sinai com uma sarça fossilizada. Além disso, oferecem o serviço de taxi da segurança até o mosteiro e o transporte em camelo para peregrinos que desejarem subir o Sinai montados no animal. A negociação nem sempre é fácil, pois muitos deles não falam inglês. Nesse assunto é importante ter cuidado, pois é muito frequente uma prática digamos "não tão honesta" em que o beduíno passa um valor e, quando chega no alto da montanha diz que corresponde apenas à subida, deixando o turista sem outra opção a não ser pagar mais para descer.
ANTES DE SUBIR
Subir o Sinai pode ser fácil ou impossível, tudo vai depender de sua idade, peso, condição de saúde, preparo físico e roupas e equipamentos.
Condição de saúde - É, sem dúvida, uma atividade que exige ponderação. Pessoas com sobrepeso significativo, enfermidades cardíacas, respiratórias, musculares ou articulares, limitações físicas e lesões recentes devem evitar essa subida, sob risco de vida. Em caso de acidente, o resgate certamente demoraria horas, pois o sinal de celular é praticamente inexistente na maior parte do percurso.
Preparo físico - A subida em trilhas pelas montanhas é hoje um esporte bastante praticado. E, como qualquer atividade física, exige um condicionamento condizente do corpo. Se essa atividade está em sua agenda, é hora de perder peso e trabalhar seu condicionamento físico. O tempo de preparação varia se a pessoa é ativa, sedentária ou está em recuperação de alguma lesão, enfermidade ou cirurgia. Comece com uma visita ao seu médico. Depois de liberado, procure um educador físico e faça treinos semanais nos meses anteriores à viagem.
Termo de Responsabilidade - O protocolo de subida ao Monte Sinai da Renova Turismo inclui o preenchimento de um termo de responsabilidade que nos garante que o passageiro entendeu e assume todos os riscos dessa atividade.
Quedas e Fraturas - Há inúmeros casos de quedas e fraturas no Monte Sinai. Eu mesmo tive uma passageira que decidiu subir de ultima hora e não estava com calçados adequados. essa senhora escorregou, caiu e fraturou a perna enquanto descia o monte. Foi carregada por beduínos até o pronto-socorro do Sinai, onde foi medicada e teve a perna imobilizada. No outro dia, já em Israel, foi internada e submetida à uma cirurgia, regressando ao Brasil sem completar o tour por Israel.
Água e comida - É fundamental hidratar-se durante o trekking pelo Monte Sinai. Portanto, leve em média dois litros de água. Salgadinhos, barras de cereal e chocolates ajudam a dar energia e ânimo durante o trajeto. Ao longo do caminho há pequenos comércios que oferecem bebidas e comidas a preços adequados.
Medicação - Não deixe de tomar as medicações de uso contínuo. Além desses medicamentos, analgésicos, relaxantes musculares e antiinflamatórios são muito bem-vindos. Converse com seu médico a respeito.
Banheiro - Há alguns banheiros rudes e precários pelo caminho. Uma boa dica é ter papel higiênico em sua mochila.
Documentos - É importante andar com seu passaporte. Guarde-o em um lugar protegido e seguro, em algum compartimento no qual não sofra o risco de cair pelo caminho durante a manipulação de roupas, água e alimentos.
TRAJETO
Somando subida e descida, são, aproximadamente, 14 quilômetros de trilha. São seis quilômetros por um caminho irregular e com alguns degraus e mais uma escadaria com 750 degraus rústicos e totalmente irregulares que somam mais 1 quilômetro em cada parte do trajeto.
O solo é do deserto do Sinai, seco, irregular e coberto de pedras soltas. É muito fácil escorregar e cair. Portanto, é fundamental usar calçados especializados para trekking e um bastão de caminhada. Esses calçados tem um solado adequado e firme, com projeções que ajudam a vencer o terreno irregular com menor risco de queda. Já o bastão, com sua ponta metálica, finca no solo, ajudando no equilíbrio, na divisão do esforço entre pernas e braços e na estabilização dos escorregões.
SUBIDA
Leva entre 3 e 5 horas e começa, geralmente, na madrugada fria do deserto, assim é importante estar bem agasalhado. Luvas, gorro ou uma balaclava são muito bem vindos. Você vai me agradecer por levar um protetor labial para proteger a boca do frio. Nos meses mais comuns para peregrinações a temperatura pode chegar próxima de zero. E, no inverno, chega a nevar no Sinai.
O caminho não tem iluminação alguma e, apesar das estrelas e da claridade atmosférica da altitude, é muito importante levar uma lanterna. Eu recomendo fortemente que seja uma lanterna de cabeça, assim as mãos ficarão disponíveis para um bastão de caminhada e uma câmera. Apesar dos beduínos gritarem o tempo todo: "- no, ligths", você deve usar sua lanterna. Apenas tome muito cuidado para não apontar a luz para os olhos do camelo, pois, ele pode se perder e cair num barranco, levando pessoas consigo.
Além da musculatura core (abdômen, lombar e quadril) e dos músculos dos ombros, costas e braços para carregar mochila e usar o bastão, a subida exige muito da musculatura das coxas e da articulação dos quadris.
SUBIDA NO CAMELO
Subir o Sinai montado no camelo pode até parecer uma solução perfeita. Mas, não é. A cela beduína é feita sob os moldes dessa gente, ou seja, para pessoas macérrimas. Alguns quilinhos a mais e você terá estruturas de madeira te apertando na barriga e nas costas, durante o balanço para frente e para trás causado pelo andar do animal.
Além disso, o lombo do camelo é enorme e você passará horas com as pernas muito abertas. Elas chegam a formigar e perder a força. Isso sem contar com o fedor do camelo e dos tecidos que vão sobre ele. Pessoas que sobem o Sinai no camelo chegam mais rápido aos pés da escadaria. Muitas vezes se assustam ao se perceberem no escuro, separadas do grupo e apenas na companhia do Beduíno que, muitas vezes, só fala árabe.
Mesmo havendo essa opção de trilha, os camelos não ficam logo na entrada do Sinai. Para chegar ao local onde se monta o camelo, há que se fazer uma caminhada de cerca de 2km e os camelos também não sobem a escadaria que leva ao cume do monte, deixando o turista aos pés dos 750 degraus.
NO ALTO DO MONTE SINAI
Chegar no topo do Sinai dá uma uma adrenalina pra lá de boa, afinal é a coroação de um desafio físico severo. O nascer-do-sol é incrivelmente lindo. A vista é maravilhosa e você enxergará centenas de montanhas espalhadas por muitos quilômetros.
Para os fiéis, estar onde Deus tocou a terra de forma tão poderosa, tem um significado de proporções inimagináveis. Os que sonharam estar nesse lugar, não conseguem conter as lágrimas. Algumas pessoas oram e outras intercedem com listas e papeizinhos de pedidos nas mãos, ou seja, muita gente conectada com Deus.
No cimo do Monte Sinai, existe uma pequena capela que disputa com o Monastério de Santa Catarina pelo título de guardiã da sarça ardente na qual Deus se manifestou a Moisés.
DESCIDA
Leva entre 2 e 4 horas e é realizada sob o calor do deserto do Sinai, podendo facilmente chegar próximo dos 40ºC. Por isso, é importante levar boné, óculos de sol e protetor solar. É fundamental ter uma bolsa grande para guardar agasalhos e acessórios usados durante a noite. Além da musculatura do core (abdômen, lombar e quadril) e dos músculos dos ombros, costas e braços para carregar mochila e usar o bastão, a descida exige muito da musculatura da panturrilha e da articulação dos joelhos.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Como na maioria das vezes, a visita ao Egito é seguida por um roteiro em Israel, Jordânia ou algum país da Europa, pense bem se vale a pena a subida no Sinai. Vejo muitas pessoas ficarem exaustas, com dores, sob ação de medicamentos e, até mesmo, deixarem de participar de atividades nos demais países por estarem exaustas, com dor ou com a mobilidade reduzida.
Dr. Felipe Silva
Tour Leader Renova Turismo.
Cirurgião-Dentista Artesania Studio Oral
"A longínqua e empoeirada Terra de Israel é o palco das histórias bíblicas. Sonho de milhares de pessoas, reserva emoções inesquecíveis a todos aqueles que aceitam com fé o seu chamado."
Fiz está subida ao Sinai em Mov.22. Todo o trajeto a pé. Um jovem casal e duas irmãs foram minha companhia. O jovem casal com a iluminação do celular e as irmãs com o bastão de caminhada de uma delas. Trocamos energia e incentivos quando o cansaço queria tomar conta. Quanto mais nos aproxima vamos da chegada, mais distante parecia. Partimos as 22.30h chegamos por volta das 3h..O sol ainda não tinha nascido. A emoção foi indescritível
. Deus me permitiu aos.69 anos completar todo o percurso. Os anjos. que Deus colocou ao meu lado foram de grande apoio, não nos conhecíamos previamente, mas foi emocionante como nos conectamos.
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Ótima matéria Felipe!
Parabéns!